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O que o novo aumento de preços dos Correios significa para o e-commerce?
Por: https://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/o-que-o-novo-aumento-de-precos-dos-correios-significa-par
O ano mal começou (especialmente para quem acredita que só começa mesmo depois do Carnaval) e o comércio eletrônico continua tratando de um problema antigo, mas que em 2018 parece ter ganhado contornos mais desastrosos: o desempenho dos Correios.

Pesquisa da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico evidenciou que os lojistas do e-commerce já têm buscado alternativas aos problemas operacionais da Estatal – em 2017, 52,8% dos lojistas afirmaram preferir o envio por transportadoras privadas, ante 35% em 2013. Ainda assim, 80,9% dos comerciantes ainda contam com os Correios para realizar suas entregas.

E isto é bastante esperado, considerando que somente a Estatal provém de fato abrangência nacional em todas as cidades e rinquões do Brasil, bem como a barreira de entrada para começar a operar com os Correios é praticamente nula, já que mesmo sem um contrato, qualquer empresa e pessoa podem postar encomendas para serem entregues pela ECT.

O novo ano começou com sérios problemas no desempenho dos Correios. O nível de atraso das entregas do e-commerce tem registrado índices de 30% e em algumas localidades como o Rio de Janeiro – e aqui entram os problemas de segurança pública do Estado – chegam à metade das entregas. Os lojistas também precisaram se adequar à exigência de envio da nota fiscal externamente ao pacote, obrigatoriedade tributária que os Correios não aplicavam anteriormente.

Finalizando o mês de Fevereiro o mercado é impactado com outra pesada notícia da Estatal – a correção nos valores de contratos com aumento de até 51% nos serviços de PAC e Sedex para algumas localidades e perfis de encomenda.

Esta medida obviamente é criticada por todo o mercado de e-commerce. O Mercado Livre, que possui o maior contrato de serviços de encomendas com os Correios, terá também seus valores reajustados e fala-se de um aumento de 29% nos custos dos serviços. Apesar de a empresa ter anunciado em 2017 um amplo programa para oferta de frete grátis aos compradores, é de se esperar algum repasse ou reajuste no benefício.

Por isto a empresa lançou no último dia 27 de fevereiro uma campanha online, convocando vendedores e compradores a protestar contra a medida da Estatal. Chamada #FreteAbusivoNão, o marketplace pretende obter apoio online dos usuários para forçar os Correios a uma revisão em sua política de preços. Ontem (28) a Netshoes também juntou-se à causa.

Em resposta a campanha do Mercado Livre, os Correios divulgaram uma nota pública, informando que a média de reajuste será de 8% nas postagens que representam a maior parte das entregas realizadas pela Estatal (entre capitais e dentro dos Estados).

Resumindo: se até o Mercado Livre e Netshoes estão bastante preocupados com o aumento de preços dos Correios, é porque esta é uma mudança crítica para o mercado de e-commerce.

Mas como este aumento e demais ações que a gestão dos Correios abriu mão para tentar recolocar a Estatal nos trilhos impacta de fato o e-commerce?

O mercado de entrega de encomendas para o e-commerce é enorme. Em 2017 foram mais de 106 milhões de pedidos em lojas virtuais.

Estes são pedidos de entrega fracionada, ou seja, pacote a pacote na casa de cada comprador. Por esta característica é um tipo de entrega com menor rentabilidade unitária, que também é bastante pressionada por consumidores e varejistas que buscam entregas mais rápidas e de menor custo.

Neste cenário, varejistas vem buscando soluções e alternativas para satisfazer consumidores e manter o nível de crescimento das vendas online. É comprovado que um frete com alto custo ou longo prazo de entrega é um dos maiores motivos para abandono de carrinho no e-commerce.

Com este novo elemento neste complexo ecossistema, alguns tópicos que já vem circulando nas mesas dos gestores de e-commerce tendem a ganhar prioridade. Podemos listar aqui:

Click & Collect: com a opção de o consumidor comprar online e receber num ponto físico de sua conveniência, os lojistas podem oferecer um custo de frete mais reduzido, visto ter a possibilidade de consolidar pedidos para uma mesma região e ponto de entrega, diluindo os custos logísticos.

É uma opção que vem sendo abraçada em larga escala por varejistas que possuem operações físicas – que podem inclusive otimizar seus estoques locais – mas que também é viável para o vendedor puramente online, que pode usar soluções oferecidas por empresas como a Send4 (que tem parceria com diversas redes com pontos físicos que recebem os pacotes dos e-commerces), e Inpost (que possui uma rede de lockers para entrega) além de outras empresas com abordagem e soluções semelhantes.

Reduzir, ao máximo, a logística reversa: todo lojista sabe que uma encomenda recusada ou que o comprador exerceu seu direito de arrependimento, representa um impacto negativo sob a perspectiva de resultado financeiro.

Reduzir a incidência destas ocorrências – mas ainda prestar um ótimo suporte no pós-vendas e cumprir com o Código de Defesa do Consumidor – ganha ainda mais relevância.

Os principais motivos dos compradores devolverem suas compras são: produto recebido errado, produto diferente do exposto na loja, produto danificado.

Todos esses são fatores que podem ser atacados pelo e-commerce, com melhor apresentação das características dos produtos nas suas vitrines virtuais, fotos profissionais e com grande apresentação e detalhes e eficiente processo logístico de separação e embalagem.

Assim, a logística reversa pode ser combatida e aliviar a conta de custos de entrega da loja.

Novas alternativas para a entrega: para aqueles lojistas que possuem volume suficiente para diversificar sua malha de entregas e fazer uso de transportadoras privadas, é hora de abrir negociações e obter tabela e condições comerciais mais favoráveis.

Muitas lojas, mesmo tendo volume para trabalhar com transportadoras privadas, ainda preferem trabalhar somente ou com maior volume com os Correios pela facilidade de integrar sistemas e informações, contar com reembolso parcial do valor de entrega em caso de atraso e mesmo pela familiaridade que o comprador já tem em acompanhar entregas realizadas pelo carteiro.

Com o aumento da pressão de custos e qualidade, estes lojistas verão a prioridade em avançar nas negociações com alternativas de entrega e dedicar esforços para superar os pontos acima. Com uma boa negociação com transportadoras especializadas na entrega porta-a-porta fracionadas, o lojista pode obter grande economia em comparação com seu contrato com os Correios, bem como melhorar a qualidade com prazos de entrega sendo cumpridos e informações disponíveis para acompanhamento do cliente.

Migração para vendas via marketplaces: estima-se que as plataformas de marketplace já respondam por 25% a 30% do total de vendas do e-commerce nacional.

Estas plataformas, que possuem alto volume de tráfego e vendas, têm investido em soluções logísticas diversas e têm capacidade de oferecer seus contratos com Correios e outras transportadoras para sua rede de lojistas.

Neste cenário de aumento dos custos com Correios (e também as transportadoras privadas tendem a repassar correção de preços neste ano), contar com um grande contrato que negocie condições especiais baseada em volume, torna as vendas via marketplace ainda mais atrativas, especialmente para o pequeno lojista.

Esta migração é esperada, assim como o incremento nas soluções ofertadas pelas plataformas de marketplace para o mercado, especialmente soluções logísticas.

Os Correios tem grande relevância no histórico do e-commerce nacional e ainda no presente das vendas online. Entretanto o mercado vem evoluindo e tornando-se mais exigente num ritmo que não foi acompanhado pela Estatal, que sofre internamente com diversos problemas de gestão.

Continuar servindo o mercado com qualidade e adaptando-se rapidamente às mudanças e contratempos do negócio, é papel essencial dos gestores do comércio eletrônico e 2018 tem se mostrado como um ano que colocará estas habilidades à prova com grande frequência.